Se tem algo que me atrai é a paradoxilidade. A dualidade das coisas é intrigante e leva a diversas reflexões, sem dúvida.
Quem dirige pelas manhãs de Vitória já deve ter notado pelos canteiros das ruas da cidade (canteiros que ficam no centro, olha um paradoxo aí!): o Poder Público Municipal (prefeitura, para os leigos ...) espalha cones em proteção a operários que estão sempre ajeitando, melhorando, punhetando as "floresinhas" (neologismo, acho mais engraçado!) desses tais canteiros.
Tudo bem, Vitória é linda, e fica ainda mais com isso ... mas sempre me pareceu certo exagero.
Outra coisa que sempre me intriga, são as pessoas-mastro (Uepa! Não é isso q você está pensando, mente poluída!), são aquelas pessoas, coitadas, que se prestam ao degradante serviço de abanar bandeiras em campanhas políticas. Mas não é culpa deles, foi o que lhes sobrou do mercado ... Poxa, é muito pouco inspirador (mas me inspirou, outro paradoxo!) ficar balangando bandeira pros outros, por alguns reais, duvido que alguém ali se identifique com os idéias daquele candidato, duvido! Mas eles têm que comer (os mastros e os candidatos), isso é fato!
O que quero dizer é que hoje essas duas coisas intrigantes se uniram de uma forma curiosa, eufemisticamente falando.
As pessoas-mastro balangavam suas bandeiras com o entusiasmo habitual de velório, umas trinta, todas perfiladas em cima dos canteiros centrais, gramados e floridos, da Avenida Vitória (em frente à Escola Técnica), eram “partidários” de um candidato a vereador (legislador municipal que, entre outras atribuições, tem a responsabilidade de fiscalizar o Executivo, lê-se, gastos desse Poder). Mais adiante, pasme, uns quinze metros depois, lá estavam eles: os punhetadores de florzinha, com seus cones que estreitam e complicam o já irritante trânsito de Vix.
Sem dúvida, estava diante do seguinte paradoxo: o candidato a fiscalizador do gasto do Executivo pisoteando, literalmente, o dinheiro público...
Fico pensando, será que as pessoas são tão chatas como eu? Será que eu sou mesquinho? Ou será que estou cercado de dementes que não sabem patavina de rigorosamente porra nenhuma, eu vou dizer, hein ... voto obrigatório é uma merda!
Do Houaiss (p. 2883), voto: "modo de manifestar a vontade ou opinião num ato eleitoral ou numa assembléia." E é obrigatório? Paradoxal!
MÚSICA A CALHAR
“Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” (
Pra não dizer que não falei das flores - Geraldo Vandré - na voz de Zé Ramalho).