quarta-feira, 10 de outubro de 2012

(H)A Deus virtual.


Olha, eu poderia homenagear o Gabriel Labanca como outros fizeram, de forma autêntica e sublime, cada um à sua maneira, com beleza e saudade. Tudo o que foi dito, escrito e até pensado, revela o quanto ele foi importante para tantos.

Eu poderia dizer que sempre que a gente se encontrava, falávamos nossos apelidos, e ele dizia o meu ao som do tema de The Simpsons, e eu o dele, ao som de “La cucaracha”. Após essa cerimônia pública, ríamos como se fosse a maior das novidades. Mas o que importa? Isso nunca mais vai acontecer...

Será?

O que eu vou dizer não é para ser lido em um tom soturno de cortejo fúnebre, mas, como em nossos cumprimentos, com o ar de suspense de um bom Arquivo X (eu e minha pretensão autoritária de querer impor isso...).

Pois bem, muito se disse e se dizia que o nosso irmão era um descrente em relação à espiritualidade, mas ele não era. Quem o conhecia bem, sabia que ele se dava o direito de estar em dúvida sobre essa questão, ele não desacreditava do Divino de forma definitiva (esqueçam a Carminha...).

Foram muitas as vezes que o pus contra a parede e ele, em tom de “meme Okay”, deixava a questão possível. Era um embate recorrente entre nós e, cá entre todos, exercíamos a dialética à exaustão via Facebook...

Por falar na rede-social, às 00:30 da sexta-feira, dia 05 de outubro, Labanca “curtiu” uma foto que publiquei no Facebook, foi sua última manifestação de vida para mim.






Às 18:12, naquele mesmo dia, resolvi, LITERALMENTE, instar outra manifestação de vida dele. Decidi, então, postar em seu mural, já que não aparecera naquela sexta-feira.

Eu não escolhi a frase que escreveria. A frase veio a mim como num estalo, talvez porque não houvesse outra mais apropriada.

Escrevi “Deus de mistérios!” que, ao que me parece, é uma interjeição Evangélica. Com ela eu o provocava (isso, com todo o respeito, é sério) mas que, naquele dia, pareceu ter vindo a mim por ele mesmo já que, naquela hora, já tinha ido...

Gabriel é o estalo.




Pareceu dizer, e é uma fé que me conforta, que sim, do outro lado, há mistério e que ele não ia contar só para me aporrinhar, como era de praxe.

Quem vai duvidar disso?

Como disse o Raul Chequer (e muito bem!): "Labanca nos ensinou sobre a vida e a morte." E é verdade, sua generosidade não era desta vida.

Enquanto eu viver, e espero que muito e bem, vou lembrar dele com a esperança de poder reencontrá-lo mais uma vez.

Oremos!







MÚSICA A CALHAR:

“Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Que reformava este mundo
De cima da montaria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Ele na frente falava
E atrás a sorte corria.”
Tema de ‘Os Inconfidentes’ “ - Chico Buarque (Letra perfeita para o caso. Essa música tem um tema de História do Brasil, metiê que o professor Labanca era Doutorando, aliás ele costumava cantá-la. Mas se você quiser uma razão melhor, ela tocou em meu carro na volta do funeral do rapaz, justamente enquanto eu organizava este texto "nazideia"... Deus de mistérios).