Olha, eu poderia homenagear o
Gabriel Labanca como outros fizeram, de forma autêntica e sublime, cada um à sua maneira, com beleza e saudade. Tudo o que foi dito, escrito e até pensado,
revela o quanto ele foi importante para tantos.
Eu poderia dizer que sempre que a
gente se encontrava, falávamos nossos apelidos, e ele dizia o meu ao som do tema
de The Simpsons, e eu o dele, ao som de “La cucaracha”. Após essa cerimônia
pública, ríamos como se fosse a maior das novidades. Mas o que importa? Isso
nunca mais vai acontecer...
Será?
O que eu vou dizer não é para ser
lido em um tom soturno de cortejo fúnebre, mas, como em nossos cumprimentos,
com o ar de suspense de um bom Arquivo X (eu e minha pretensão autoritária de
querer impor isso...).
Pois bem, muito se disse e se
dizia que o nosso irmão era um descrente em relação à espiritualidade, mas ele
não era. Quem o conhecia bem, sabia que ele se dava o direito de estar em
dúvida sobre essa questão, ele não desacreditava do Divino de forma definitiva
(esqueçam a Carminha...).
Foram muitas as vezes que o pus
contra a parede e ele, em tom de “meme Okay”, deixava a questão possível. Era
um embate recorrente entre nós e, cá entre todos, exercíamos a dialética à
exaustão via Facebook...
Por falar na rede-social, às 00:30
da sexta-feira, dia 05 de outubro, Labanca “curtiu” uma foto que publiquei no Facebook,
foi sua última manifestação de vida para mim.
Às 18:12, naquele mesmo dia, resolvi, LITERALMENTE, instar outra manifestação de vida dele. Decidi, então, postar em seu mural, já que não aparecera naquela sexta-feira.
Eu não escolhi a frase que
escreveria. A frase veio a mim como num estalo, talvez porque não houvesse
outra mais apropriada.
Escrevi “Deus de mistérios!” que,
ao que me parece, é uma interjeição Evangélica. Com ela eu o provocava (isso,
com todo o respeito, é sério) mas que, naquele dia, pareceu ter vindo a mim por
ele mesmo já que, naquela hora, já tinha ido...
Gabriel é o estalo.
Pareceu dizer, e é uma fé que me conforta, que sim, do outro lado, há mistério e que ele não ia contar só para me aporrinhar, como era de praxe.
Quem vai duvidar disso?
Como disse o Raul Chequer (e muito
bem!): "Labanca nos ensinou sobre a vida e a morte." E é verdade, sua generosidade não era desta vida.
Enquanto eu viver, e espero que
muito e bem, vou lembrar dele com a esperança de poder reencontrá-lo mais uma
vez.
Oremos!
MÚSICA A CALHAR:
“Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Que reformava este mundo
De cima da montaria
Por aqui passava um homem
(E como o povo se ria!)
Ele na frente falava
E atrás a sorte corria.”
“Tema de ‘Os Inconfidentes’ “ - Chico
Buarque (Letra perfeita para o caso. Essa música tem um tema de História do Brasil, metiê que o professor Labanca era Doutorando, aliás ele costumava cantá-la. Mas se você quiser uma razão melhor, ela tocou em meu carro na volta do funeral do rapaz, justamente enquanto eu organizava este texto "nazideia"... Deus de mistérios).
3 comentários:
victor, quando vi seu comentário "deus de mistérios" no mural do labanca a primeira coisa que me veio na cabeça foi quando isso começou,penso eu, la em itaunas, e o quanto hilário era ver vcs dizerem isso.. e depois pensei se isso ainda era uma coisa que vcs falavam ou se num momento, podemos dizer telepático, isso por acaso não lhe voltou a mente sem querer, no momento mais apropriado para ser dito.. sei la, sei que fiquei arrepiada quando vi! sempre tive a impressão de que vcs eram, em muitos aspectos, almas gemeas! infelizmente ele partiu muito cedo, mas deixou uma marca na vida de cada um que o conheceu, e na sua em especial! vc é muito privilegiado por isso!
Muito bonito.
Recorro a esse texto sempre que a saudade aperta. Como me conforta e me deixar menos triste.
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