segunda-feira, 5 de julho de 2010

Reflexões após um mês inteiro de Sportv.

Acabo de vir do trabalho, antes de chegar em casa, passei na 5àSec e apanhei dois ternos recém-lavados. Nesse passo, lembrei de um belo conjunto azul-marinho que jaz em meu armário mofento, não o uso mais, sua calça está com dois ou três remendos, e um rasgo bem feinho, na mesma altura dos reparos.

Basta o movimento de entrar em carro para ouvir, “rasg!”, já era... o pessoal saberá a cor de minha cueca (se estiver usando uma).

Essas razões me levaram a sair de casa tão logo cheguei (nem mijar mijei), desci e fui ali na Maschio e na Clarindo ver se tinham calças compatíveis com o caro Colella (comprei o meu por 1/5 do preço, mega promoção) azul-marinho de lã-fria encostado em meu guarda-roupa.

Na volta, aproveitaria para comprar um desses antimóficos de armário para evitar estragos em meus ternos em uso.

Ossos da independência e da maturidade. Responsabilidades do homem.

Passando pela pracinha, não resisti e me pus a assistir uma inocente pelada, onde meninos disputavam animadamente uma bola. Uns já mostravam alguma habilidade, outros, e neles me via, chamavam a pelota de Vossa Majestade Real & Imperial.

Todos eles ali orbitavam nas idades de 8 a 11 anos.

Lembrei, inevitavelmente, de minha infância, e como as peladas no Conjunto Residencial Átila Viváqua eram disputadas e animadas em época de Copa, com é esta.

Aqui em Jardim da Penha, na quadra da Praça do Epa (que já foi do Santa Martha), jogavam Forláns, Kakás, Robbens, Özills e todos os craques desta Copa 2010.

Na minha época, em Cachoeiro, jogavam Latos, Hagis, Linekers, Gullits, Maradonas, Butraguenhos, Matthäus, Carecas e Romários. Todos queriam jogar, dar um chute, fazer uma jogada dos craques que viam nas Copas de 1986 e 1990.

Futebol e infância são duas coisas indissociáveis, ponto.

Não se conclui isso, somente, vendo uma pelada de pré-adolescentes.

Basta que se ligue a televisão e observar como os comentaristas de futebol levam a sério o esporte, que para na maioria é alvo de descontração.

Como diz meu pai, a profissão de comentarista de futebol é a primeira na lista de inúteis. Um cataclisma mundial comprovaria isso. O pior é que gosto, sou fã do Lédio Carmona.

É tudo uma grande, enorme fantasia. Aprendi isso vendo minha mãe e minha madrinha chorando e trocando de canal quando o Brasil perdeu para a França no México. No outro dia já estavam me cobrando dever de casa e essas coisas.

Não seria o todo dito acima um exorcismo, uma catarse da justa eliminação do Brasil pela Holanda na África do Sul. Até mesmo porque, sou mais rubro-negro que brasileiro.

O que é, é. Dunga, sério demais para o futebol. Maradona, passional ao extremo. Esse pessoal que acha que tudo é futebol faz dele feio.

Futebol deveria ser como a brincadeira de criança somado à disciplina de uma escola primária. Como um lar, com uma mãe atenciosa e repreensão de pais amorosos. Sempre a incentivar as habilidades naturais.

Pois bem, a infância passa, a Copa mais rápido ainda (ao menos volta) e as obrigações só aumentam para cada um de nós, lembre-se que ninguém cuida dos seus ternos, a não ser você.









MÚSICA A CALHAR:
“Meu caro amigo eu quis até telefonar / Mas a tarifa não tem graça / Eu ando aflito pra fazer você ficar / A par de tudo que se passa / Aqui na terra tão jogando futebol / Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll.” (“Meu caro amigo” – do Chico, boleiro gente fina, por causa de quem quase virei um tricolor. Ainda bem que era Zobé quem mandava na casa – a era...)