segunda-feira, 21 de março de 2011

A condenação: estigma.

Passei um longo tempo sem postar aqui, volto a tratar de tema que muito me aflige.

Com se sabe, há um suspeito folclore de que pessoas nascidas no Reinado de Cachoeiro de Itapemirim seriam bairristas.

Ora, não é só porque o seu filho mais bobinho perdeu a perna e virou Rei, ou o fato de o Rio que atravessa seus vales, formando corredeira e cachoeiras, ao desaguar numa baixada de relativo tamanho, forma o Oceano Atlântico, que saímos aos quatro ventos cantando essa marra.

Não, definitivamente não é por isso.

Rubens Bragas, Luz Del Fuegos, Carlos Imperiais, Sérgio Sampaios, Sérgio Bermudeses e Bujicas à parte, o maior fator de nosso amor à nossa terra é um singelo: a nossa região foi a primeira a ser habitada pelo homem pré-cabraliano.

Ééééé... segura essa malandro!!

Vá ao Museu Nacional no Rio de Janeiro, procure por uma ponta de flecha que lá está. Ela remonta há dez mil anos atrás, os primórdios da ocupação hominídea no Brasil.

Isso quer dizer que o primeiro lugar no Brasil apto a ter o desenvolvimento humano foi a nossa região, fato que encaro com naturalidade.

De lá, os cachoeirenses saíram para dominar todo o Brasil, como de costume.

O artefato teria sido encontrado em Cachoeiro, na região de Vargem Alta há muitos anos atrás.

Opa!!

"Como assim? Foi encontrado na sede do Reino ou em sues arredores de climatização temperada? Vargem Alta é outro lugar, pô!" Aposto que foi assim que o leitor amigo refletiu...

Esse fato é importante para um outro assunto que gosto de tratar e popularizar: a vida do advogado.

Calma e vamos lá, já explico.

Sempre que me identifico como causídico, o interlocutor manda aquela: “Ahhh! Você é advogado? É que eu tenho um primo que está preso...” ou “É que eu fui demitido, quero saber o que eu tenho direito...”

E por aí vai...

Gente, uma coisa deve ficar clara, advogados têm especialidades. Muito embora muita coisa possa ser resolvida por princípios gerais de Direito, uma opinião sincera e segura deve ser colhida após certo estudo.

Desconfie de quem se arvora a conhecer todas as especialidades, esses se enrolam, sem dúvida. Essa “modalidade”de advocacia é rara, própria de decanos. Talvez seja por essa e por outras que o advogado seja um profissional tão estigmatizado.

Pois bem, agora fazendo a clássica mescla dos assuntos (comum aos posts deste acanhado e ingênuo blog) até aqui tratados.

Afinal, a Ponta de Flecha é cachoeirense ou de Vargem Alta (nem sei o gentílico do simpático lugarejo)?

Sem dúvida que o Direito resolve e, para não cansar ainda mais vocês, serei direto como uma flecha! (¬¬)

Bem, um princípio geral de direito: tempus regit actum, confere?

Logo, se a Ponta de Flecha foi achada antes de 1988, na região de Vargem Alta, assim, antes de sua emancipação Política, para todos os efeitos, foi achada em Cachoeiro, pois até então, lá era Distrito desse.

Uma questão de Direito Intertemporal.

Como o direito é lindo! Resolve a porra toda!

E melhor, nos legitima, ainda mais, a professar o amor à sagrada terra caliente do Cachoeiro (só não moro lá...).






MÚSCICA A CALHAR:

“Put your house out up for sale? Did you get a good lawyer?” (Valerie – The Zutons, versão original da canção, pela banda que é oriunda do equivalente a Cachoeiro na Bretanha, Liverpool).

PS.: Um "em tempo" necessário e que me faz lançar mão da liberdade poética, para o texto. Eis o email que recebi ontem, pouco depois da postagem, do Arqueólogo Sr. Prof. Celso Perota:

"Prezado Vitor,

Realmente existe no acervo do Museu Nacional, um artefato que é uma ponta de projétil de grupos de caçadores que habitaram a região de Vargen Grande de Soturno e na Serra da Gironda.

É uma ponta feita em quartzo, com técnicas avançadas de lascamento e provavelmente foi utilizada na caçada da megafauna que habitou a região cerca de 7.500 anos atrás.

Além dos artefatos arqueológicos existem na coleção uma outro acervo paleontológico, representado por ossos de grande animais como a preguiça gigante, tatu canastra e, provavelmente o tigre de dente de sabre.

Um abraço

Perota"

Ou seja, que Vargem Alta que nada...

3 comentários:

Anna P. disse...

Brilhantes e loucos os cachoeirenses.

Anônimo disse...

pena que o "homem pré-cabraliano", após ser usurpado de Vargem Alta, não evoluiu como os demais e ficou em Cachoeiro.. rsrsrsrs

Luisa Coser disse...

calhou deu estar ouvindo isso...
http://www.youtube.com/watch?v=siFsdInZqC0&feature=related

beijo nocê.