quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Coisas extras da terra.




Extasiado e relaxado. Foi com esses dois sentimentos antagônicos que deixei a sessão de cinema em que vi “As aventuras de Pi”, em 3D.

A expectativa que criei para “Avatar”, que é péssimo, foi compensada com a película de Ang Lee. Isso porque, esperava sair daquela fábula extraterrena como efetivamente saí da adaptação hindu.

Não sou chegado a blockbusters, mas curvar-se ao sistema faz parte.

Antes de o filme de Pi ser lançado por aqui, ouvi duas abordagens no globo News em Pauta sobre ele: (1) veja em 3D; (2) o filme é adaptação de obra (“Life of Pi”, do canadense Yann Martel) que seria baseada em “Max e os Felinos”, do autor gaúcho Moacyr Scliar.

Pesquisei sobre essa questão que, em verdade, causou certa tensão.


Moacyr, com toda humildade e generosidade que só grandes seres humanos são capazes, diz que a obra canadense apanhou “cena” de seu livro, a de um naufrágio, seguido da convivência de um jovem com um grande felino num barco salva-vidas.

Não.

As histórias literárias das vidas de Pi e Max tem intersecções muito mais marcantes que a simples “cena” (seja lá o que isso queira dizer). Os detalhes dos suprimentos dos botes, a questão do seguro do navio, a pesca para alimentar a fera, os cardumes de peixes, a paixão com a mãe, as reprimendas dos pai, a piscina no colégio...

Mesmo assim, ler o livro de Scliar me fez gostar ainda mais de PI, sério. Vou me sentir bem e orgulhoso se as estatuetas carecas forem entregues aos envolvidos com a película do Taiwanense.

Ambas as histórias são belas. Têm a ver com as feras internas que dominamos, com as angústias dos jovens adultos, com a luta por viver, justamente na fase em que não deveríamos depender mais de ninguém, mas só sentir saudade do carinho de mãe e dos ensinamentos do pai.

Ontem vi um filme. O filme.

Sinônimo de estatueta e que também (e só agora pude enxergar) fala sobre rito de passagem, dessa vez, em degrau(s) anterior.

"E.T., o Extraterrestre."

Eu me lembro quando o vi pela primeira vez, no cinema, 84 ou 85.

Naqueles dias de tenra idade, assim como ontem, me emocionei. Ainda lembro-me da luz da telona refletir as lágrimas que corriam no rosto da minha mãe. Não sei se chorei porque vi minha amada fazê-lo, ou se por estar comovido pela história em si.

ET, telefone, minha casa...” e uma criança aprende que a vida é fugaz e que quem amamos pode ir embora, um dia. A "bondade" e a inocência também alçam voo para bem longe, deixamos de ser menininho assim.

Elliot, Piscine, Max e Victor.






MÚSICA A CALHAR
“O tempo que é pai de tudo/ E surpresa não tem dia/ Pode ser que haja no mundo/ Outra maior ironia” (“Pavio destino” – música de Sérgio Sampaio na voz de Lenine, pessoa que merece uma estátua em Cachoeiro por esta versão).

4 comentários:

Ruth disse...

Adorei filho!!! Eu chorei em ET? Que memória em? Bjs.

Jorge Ramiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jorge Ramiro disse...

ET é o meu filme favorito. Eu também adoro a atriz do ET, a menina da foto. Eu estou apaixonado por ela. Há muitas meninas na rua, que são mais bonitas do que ela, mas ela tem algo de especial. Há alguns restaurantes em jardins que passam filmes antigos, filmes clássicos. No outro dia vi ET.

Daniela Parajara disse...

O fato de algumas pessoas conseguirem descrever coisas que eu penso muito melhor que eu me causa certa revolta, algumas vezes me trazem sorriso nos lábios.
E aconteceu aqui nessa postagem (o sorriso), ao iniciar falando de frustração com Avatar já sabia que gostaria do restante e depois sobre "as feras internas que dominamos, com as angústias dos jovens adultos, com a luta por viver, justamente na fase em que não deveríamos depender mais de ninguém, mas só sentir saudade do carinho de mãe e dos ensinamentos do pai." UAU!
Terminar com ET quase me fez aplaudir, sempre me lembro da minha mãe dizer que ela tinha que rebobinar a fita pra eu parar de chorar quando o ET ia embora.
Adorei mesmo.